Quando existe uma disfunção no processamento sensorial, todo sistema de regulação é alterado, afetando assim o desenvolvimento das habilidades básicas, das destrezas motoras, a comunicação e a interação social. Podemos dizer que o mesmo ocorre com a alimentação. Crianças que apresentam sinais de seletividade alimentar apresentam hábitos repetitivos durante a refeição, recusas, inflexibilidade entre outras situações.
Ouvimos dos pais, escola ou cuidadores, frequentes queixas sobre a alimentação das crianças e, principalmente daquelas que estão dentro do espectro autista (TEA).
Nota-se que estas demonstram preferência por uma determinada cor de alimento, textura ou consistência específica (líquida, pastosa, em pedaços, seca etc) ou por cheiros e sabores como doces, azedos, salgados etc.
Também nota-se as preferências dos pequenos no que diz respeito ao espaço onde são realizadas as refeições e com isso chegamos às atitudes de inflexibilidade e recusa, bem-vindos à tal da “Seletividade Alimentar”. Não há regras ou algo específico que caracterize a seletividade alimentar mas sabemos que está diretamente ligada às questões sensoriais interferindo diretamente no desempenho da criança na hora da alimentação (olfato, tato, audição, visão e paladar).
Assim, a criança que apresenta qualquer tipo de alteração sensorial nem ao menos aceita experimentar novos alimentos. A hora das refeições são momentos tensos entre pais e filhos que acabam fazendo com que aconteça degustações forçadas ou até mesmo a introdução de novas opções sendo feita de forma rude e inesperada.
Esses episódios são comuns e acontecem por falta de informação e despreparo para a situação onde se, acredita que a criança está fazendo “birra”. São momentos desagradáveis como os citados anteriormente que tornam o momento das refeições oneroso e cada vez mais aversivo.
É importante reconhecer o problema o mais cedo possível e buscar profissional especializado para identificar respostas sociais, emocionais e comportamentais inadequadas nas diversas situações do dia-a-dia frente aos estímulos sensoriais, isso possibilita constatar se trata-se de seletividade alimentar ou apenas de um hábito instalado.
Com a ajuda de um Terapeuta Ocupacional a criança se beneficiará de um trabalho planejado e em conjunto com a família. Através de atividades de exploração e vivência sensorial serão buscadas respostas adaptativas mais complexas e comportamentos sociais e emocionais mais adequados.
Dra. Thalita Maricato