A Síndrome de Asperger, uma vez vista como uma condição distinta dentro dos transtornos do desenvolvimento, caracterizava-se por dificuldades na interação social, comunicação não-verbal e padrões de comportamento repetitivos e restritos. Diferente do autismo “clássico”, pessoas com Asperger não apresentavam atrasos significativos no desenvolvimento da linguagem ou na cognição, sendo frequentemente consideradas como portadoras de um “autismo de alto funcionamento”.
Evolução das classificações diagnósticas
A compreensão e a classificação dos transtornos do desenvolvimento têm evoluído ao longo dos anos. O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), referência mundial na área de saúde mental, tem passado por diversas atualizações. Em 1991, no DSM-IV, a Síndrome de Asperger e o autismo eram categorizados separadamente. No entanto, em 2013, o DSM-V trouxe uma mudança significativa: unificou essas condições sob o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esse novo enquadramento reflete uma visão mais ampla e inclusiva dos diversos sintomas e intensidades dentro do espectro autista.
A Classificação Internacional de Doenças (CID) seguiu um caminho similar. Na CID-10, em vigor de 1993 até 2021, a Síndrome de Asperger possuía um código específico. Com a chegada da CID-11, a partir de janeiro de 2022, essa distinção foi eliminada, e todos os transtornos do espectro autista passaram a ser codificados sob um único grupo.
Por que a mudança?
A unificação das condições sob o diagnóstico de TEA foi baseada na compreensão de que as características associadas à Síndrome de Asperger não são exclusivas, mas fazem parte de um conjunto de sintomas presentes no espectro autista. Essa abordagem amplia a precisão diagnóstica e facilita a criação de planos de tratamento mais inclusivos e individualizados.
Como fica o diagnóstico hoje?
Atualmente, o diagnóstico de TEA é baseado na presença de dificuldades na comunicação social e em padrões restritos e repetitivos de comportamento, variando em intensidade e impacto. O processo diagnóstico é multidisciplinar, envolvendo neurologistas, psiquiatras, psicólogos, neuropsicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. O tratamento é igualmente personalizado, focando na qualidade de vida e no bem-estar do indivíduo, com intervenções que podem incluir terapia comportamental, apoio educacional e, em alguns casos, medicação.
Embora o termo “Síndrome de Asperger” não seja mais usado oficialmente, as características que o definiam continuam sendo reconhecidas e tratadas dentro do diagnóstico de TEA. Essa mudança reflete um avanço na compreensão dos transtornos do desenvolvimento e permite uma abordagem mais integrada e eficaz para atender às necessidades de cada indivíduo no espectro autista.