A incidência de seletividade alimentar em crianças com TEA é comum, percebe-se que alterações no processamento sensorial que interferem na qualidade da ingestão alimentar bem como no ato de comer (BEIGHLEY et. al., 2013; MATSON, HATTIER, BELVA, 2012). E é sobre esse aspecto sobre nutrição e TEA que vamos falar hoje.
Estudos sugerem que quadros de seletividade alimentar em crianças com TEA podem levar a deficiências de micronutrientes, fibras e até mesmo déficit calórico, e requerem uma abordagem especial (FIELD et al., 2003; MATSON, HATTIER, BELVA, 2012; BANDINI et. al., 2010).
As crianças autistas são mais seletivas, raramente participam da refeição como o resto da família, não consomem os mesmos alimentos, sentem aversão a certos sabores, texturas e cheiros, a temperatura também influencia na hora da refeição, não gostam de alimentos com baixa ou alta temperatura (LÁZARO, 2016).
Outros problemas como a constipação, são derivados possivelmente da má alimentação resultante da seletividade alimentar, o que pode contribuir para a falta de vontade de tentar novos alimentos e menor apetite (FIELD et. al., 2003).
A criança autista apresenta uma condição complexa e única, cada criança tem sua sensibilidade, sua dificuldade, e apresenta desenvolvimento diferente da outra, isso faz com que não exista um tratamento ideal generalizado no contexto nutricional, pois cada criança é única, sabe-se portanto que a terapia nutricional é de suma importância ela e que necessita do apoio de uma equipe multiprofissional e familiar para o tratamento dessa desordem, levando a um desenvolvimento nutricional, físico e cognitivo adequado.
Referências Bibliográficas
BANDINI, L. G. ANDERSON, S. E., CURTIN, C., CERMAK, S. EVANS, E. W., SCAMPINI, R. et al. Food selectivity in children with autism spectrum disorders and typically developing children The Journal of Pediatrics, 157, 259–264. USA, 2010
BEIGHLEY, S. F., MATSON, L. J., RIESKE, D. R., ADAMS, L. H., Food selectivity in children with and without an autism spectrum disorder: Investigation of diagnosis and age. Louisiana State University, United States
FIELD, D., GARLAND, M., WILLIAMS, K. Correlates of specific childhood feeding problems. Journal of Paediatric Child Health, 39, 299–304. Pennsylvania, USA, 2003.
LÁZARO. P.C. Construção de escala para avaliar o comportamento alimentar de indivíduos com transtorno do espectro do autismo (TEA). Tese (doutorado) apresentada à Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA, 2016.
MATSON, J. L., HATTIER, M. A., BELVA, B. Treating adaptive living skills of persons with autism using applied behavior analysis: A review. Research in Autism Spectrum Disorders. 6, 271–276. Louisiana State University, USA (2012).
Confira mais artigos do nosso blog.
Hipersensibilidade auditiva no autismo: quando usar abafadores de ruído?
A hipersensibilidade auditiva é uma das dificuldades enfrentadas por muitas pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Sons comuns do cotidiano, como o barulho de um liquidificador, crianças brincando ou o latido de um cachorro, podem ser percebidos de maneira amplificada e provocar desconforto extremo, angústia e até dor física. Para auxiliar na adaptação a esses estímulos, abafadores de ruído podem ser uma ferramenta valiosa, mas o uso precisa ser controlado e planejado de forma adequada.
“Meu filho não come”: como lidar com a Seletividade Alimentar?
A seletividade alimentar é um comportamento comum na infância, especialmente em crianças em fase pré-escolar. Caracterizada pela recusa de certos alimentos e pela preferência por uma dieta restrita, essa condição pode gerar preocupações entre os pais, que se veem diante de um filho que “não come”.
Por que o Autismo Infantil está se tornando mais comum?
Dados mostram um aumento significativo nos diagnósticos e levanta uma importante questão: por que o autismo infantil está se tornando mais comum?