Trabalhando a percepção do próprio corpo
Crianças típicas exploram o seu meio, movimentam-se, tocam objetos e emitem sons para trabalharem o desenvolvimento psicomotor. Mas, a maior parte das crianças com TEA apresentam disfunção de integração sensorial, o que resulta em dificuldades no processamento e integração das sensações vindas do próprio corpo ou do ambiente, trazendo prejuízos na organização dos comportamentos e o uso do corpo nas atividades diárias.
A Terapia Ocupacional apresenta técnicas de integração sensorial que permitem trabalhar e estimular o sistema proprioceptivo melhorando assim o gerenciamento das informações sensoriais e a adequação das respostas do indivíduo às situações.
Existem três sentidos interconectados e que também são conectados a outros sistemas no cérebro onde se apoia a integração sensorial: o sentido tátil, o vestibular e o proprioceptivo. São eles que nos possibilitam a experimentação, a interpretação e a resposta aos estímulos do ambiente. A seguir explicaremos mais um pouco sobre cada um deles para entendermos a importante função que desempenham na nossa sobrevivência.
Sistema tátil: envia informações ao cérebro de sensações sobre temperatura, dor, texturas, formas e tamanhos. Esse sistema funciona como um sinal de alerta para possíveis situações de perigo e também nos permite perceber quando somos tocados em alguma parte do corpo ou se estamos tocando algo. Um sistema tátil disfuncional pode levar a uma interpretação errônea do toque ou da dor (hipo ou hipersensibilidade) e desencadear comportamentos inadequados.
Exemplos de disfunção do sistema tátil:
– Recusa ao toque;
– Recusa à ingestão de determinados alimentos em função de sua textura;
– Recusa a específicos itens de vestuário;
– Recusa às atividades que sujem as mãos.
Sistema vestibular: é responsável por enviar ao nosso cérebro informações sobre movimento e gravidade. O labirinto também interfere no sistema vestibular. A disfunção nesse sistema pode levar tanto a hipo quanto a hipersensibilidade ou à estimulação vestibular. No primeiro caso, o indivíduo pode tender a buscar experiências sensoriais mais intensas como balançar em excesso. Já no segundo caso, pode ser temeroso em relação a atividades normais de movimento como escorregador e escadas.
Sistema proprioceptivo: a propriocepção é definida pelas informações transmitidas pelos músculos, tendões, ligamentos e articulações ao sistema nervoso central. O nosso sistema proprioceptivo é o que transmite a informação ao nosso cérebro sobre o posicionamento do corpo no espaço e sobre os movimentos.
É este sentido que nos permite caminhar sem esbarrar em obstáculos presentes no ambiente, levar o alimento até a boca mesmo sem vê-la diretamente ou manipular utensílios usando os movimentos motores finos. Uma pessoa com o sentido proprioceptivo pouco estimulado pode tender a cair com frequência, a ser desajeitada e não desempenhar bem tarefas que exijam coordenação motora fina.
O terapeuta ocupacional é o profissional que avalia e realiza tratamentos de intervenção sensorial que podem ajudar a criança organizando o sistema nervoso central e estabelecendo respostas comportamentais adequadas aos estímulos sensoriais, refletindo positivamente no seu desenvolvimento como um todo e em sua qualidade de vida.
Referências:
www.institutoneurosaber.com.br