A hipersensibilidade auditiva é uma das dificuldades enfrentadas por muitas pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Sons comuns do cotidiano, como o barulho de um liquidificador, crianças brincando ou o latido de um cachorro, podem ser percebidos de maneira amplificada e provocar desconforto extremo, angústia e até dor física. Para auxiliar na adaptação a esses estímulos, abafadores de ruído podem ser uma ferramenta valiosa, mas o uso precisa ser controlado e planejado de forma adequada.
O que é a hipersensibilidade auditiva?
A hipersensibilidade auditiva ocorre quando os sons do ambiente são percebidos com maior intensidade do que normalmente seriam. Isso pode ser desencadeado por diversos fatores, incluindo aumento repentino de volume, barulhos específicos ou ambientes ruidosos. Para muitos autistas, essa condição pode dificultar o convívio social e até a participação em atividades cotidianas. Nesses casos, os abafadores de ruído podem ser uma solução temporária para reduzir o impacto dos sons incômodos.
Uso regulado de abafadores de ruído
Embora os abafadores de ruído possam proporcionar alívio imediato em situações estressantes, é fundamental que o uso desses dispositivos seja regulado. O objetivo não é isolar a pessoa com TEA do ambiente sonoro ao seu redor, mas sim ajudá-la a se adaptar aos estímulos de maneira gradual e controlada. O uso contínuo de abafadores pode, ao contrário, dificultar essa adaptação e impedir que a pessoa desenvolva estratégias para lidar com o som. É importante que a introdução dos abafadores de ruído seja feita sob a orientação de um profissional especializado, como um terapeuta ocupacional ou fonoaudiólogo, que entenderá as necessidades específicas de cada paciente. Além disso, o uso desses dispositivos deve ser limitado a momentos específicos do dia ou situações onde o desconforto auditivo é mais intenso, como no horário do recreio escolar ou em festas com muitos estímulos sonoros.
Terapias de adaptação sensorial
A hipersensibilidade auditiva, como qualquer outra questão sensorial, pode ser tratada com terapias específicas que ajudam a pessoa com autismo a se adaptar aos sons do dia a dia. Essas terapias trabalham gradualmente a exposição a estímulos sonoros, começando com volumes mais baixos e progredindo conforme a tolerância do paciente aumenta. O uso dos abafadores pode ser parte desse processo, mas é necessário combiná-lo com estratégias terapêuticas que incentivem a organização sensorial.
O papel da escola e da família
O ambiente escolar tem um papel fundamental na adaptação auditiva das crianças com TEA. A escola pode observar quais sons causam maior desconforto e criar um Plano Educacional Individualizado (PEI) que inclua o uso de abafadores nos momentos apropriados. Esse plano deve ser compartilhado com os pais e todos os profissionais que acompanham a criança, para que as ações sejam coordenadas e os resultados sejam eficazes.
Em casa, a família também desempenha um papel essencial, apoiando o uso regulado dos abafadores e participando ativamente das terapias. A colaboração entre todos os envolvidos no tratamento é crucial para o sucesso na adaptação aos estímulos sonoros.
Os abafadores de ruído podem ser uma ferramenta útil para ajudar pessoas com autismo a lidar com a hipersensibilidade auditiva, mas seu uso deve ser equilibrado e planejado. A intenção não é eliminar os sons do ambiente, mas permitir que a pessoa com TEA tenha tempo para se adaptar gradualmente e, eventualmente, consiga conviver melhor com os ruídos diários. O acompanhamento profissional e o suporte familiar são essenciais para que o uso dos abafadores seja eficaz e contribua para o bem-estar da pessoa com TEA.